quarta-feira, 30 de julho de 2008

germanistik - germanistica, estudo da lingua e literatura alemä, filologia germanica.

Liebe Freunde der Germanistik in Viseu,auf die Frage "wozu Deutsch lernen?" antworte ich lieber mit eineranderen Frage, nämlich "why not?"Im beiliegenden Text finden Sie einige Ideen, meine Perspektive überdas Thema. Sehr gerne wüsste ich, wie Sie dazu stehen und nochlieber hätte ich Ihre Kommentare, Ihr Widersprechen, Einwand oderZustimmung. Vor allem würde ich mich über eine Diskussion zu diesemThema, das uns allen angeht, sehr freuen.


Alemão: why not?
Em época de crise, ecoam os lamentos sobre o que está mal. E todosparecem ávidos de juntar à extensa lista de problemas mais umapincelada de negro, quem sabe se na desorientação de não encontraruma saída, ou no prazer mórbido de cultivar a desgraça. Pois bem, éo momento de inverter a tendência e começar a tratar o problema pelolado positivo. Porque este existe.Há sempre uma razão. Neste caso, há até várias.Mas identifique-se a crise primeiro. Há cada vez menos alunos nosistema de ensino português a aprender alemão. Primeiro, porque háestatisticamente menos alunos no sistema, no seu conjunto. Depois,os planos curriculares limitam as oportunidades às línguasestrangeiras, colocando-as a par de outras disciplinas num painel deopções. Além disso, as outras línguas estrangeiras que se aprendemdepois do inglês enfrentam os mesmos condicionalismos, o que fazaumentar a concorrência, sem que esta se traduza sempre nacompetitividade saudável por uma oferta mais qualitativa. E por fima desorientação dos agentes de alemão como língua estrangeira nãoajuda a convencer o público alvo, os alunos, de que vale a penaaprender alemão. É imperativo salvaguardar a aprendizagem do alemãoem Portugal. Mas a que preço? E como? Pois bem, antes de mais énecessário tornar claro porque é que a opção pelo alemão é umaaposta certa hoje. E para isso, reúnam-se argumentos (Alemão: Whynot?), contra-argumentos, factos e propostas.1º O alemão é a língua mais falada da Europa e a segunda maisaprendida, depois do Inglês. Se este ainda não é uma argumentoimediato para aprender esta língua, pensar sobre as implicaçõesdeste facto, pode ser. A Alemanha é o centro económico europeu porexcelência e o maior exportador de turistas para os outros países daUnião.2º Não chega saber inglês? Não! Saber inglês é condição essencial.Saber alemão é uma mais valia. Dentro de uma a duas décadas, todosos cidadãos nacionais saberão falar inglês. Esta é uma apostadecisiva do actual governo constitucional, cujo plano tecnológicoassume o inglês como prioridade desde os primeiros anos do ensinoobrigatório. Mas há muito que os cidadãos se aperceberam que sem oinglês as suas oportunidades ficam comprometidamente reduzidas.Assim sendo, tornando-se o inglês um elemento básico dealfabetização, a mais valia de cada um estará na mestria de outraslínguas, para além desta.3º A Europa há muito que se apercebeu disto e definiu como meta paraos seus cidadãos a competência em pelo menos duas línguasestrangeiras para além da língua materna. De resto, esta é umatradição do continente, em que cerca de metade dos cidadãos sãobilingues, devido à história e à configuração dos países onde vivem.Mas a pergunta mantém-se: porquê o alemão? A questão de quais aslínguas a aprender tem uma resposta diferente nos vários países daEuropa. No caso português, os alunos que hoje aprendam alemão naescola aumentam consideravelmente as suas oportunidades no futuro. AAlemanha continua a ser o maior investidor no país, gerandonecessidades no sector da economia: competência em alemão denegócios para fazer face ao dia-a-dia da comunicação nas empresas,tradução de documentos, representação em feiras internacionais, sãoapenas alguns exemplos. No sector do turismo, Portugal necessita deapostar na qualidade, se quiser competir com outros destinos de sol,mar e cultura na Europa. A simpatia do acolhimento na língua de quemnos visita é um sinal de qualidade. Assim como a oferta de umprograma cultural baseado num conhecimento sólido da história e dasartes. Este é o turismo do futuro, procurado por um públicoexigente. Grande parte deste público fala alemão. Ora, em nenhumdestes casos (economia e turismo) o alemão é a componente central deestudos. Nem deve sê-lo, porque isoladamente é insuficiente. Maspode e deve ser uma competência adicional.4º Os alunos que hoje aprendam alemão na escola não recearão nofuturo o desafio de estudar numa universidade alemã. Na Alemanhadiscute-se hoje o perfil da universidade de elite, centrada naqualidade e no avanço científico. É certo que neste perfil seenquadra um ensino ministrado em inglês, para que possa apelar apessoas qualificadas de todo o mundo, e concorrer assim comuniversidades norte-americanas. Assim sendo, o aluno português quemais tarde deseje estudar numa destas universidades de elite, temsobretudo de saber inglês. Mas também é verdade que terá de fazer oseu dia-a-dia na língua do país, se quiser participar activamente narealidade da nação que os acolhe.5º Para além destes factores imediatos, há outros menos pragmáticos,mas igualmente relevantes para aprender alemão. Uma partesignificativa dos grandes pensadores e humanistas ocidentaisdesenvolveram os seus pensamentos em alemão. O mercado livreiroalemão é um dos mais importantes no mundo: quase 20% dos livroseditados em todo o mundo são em língua alemã. A segunda língua maisusada na Internet é o Alemão: pense-se só como saber esta línguapode ajudar a ganhar informação em sites internacionais.6º E o papel dos pais? É sem dúvida fundamental. A geração dos paisdos alunos de hoje cresceu num sistema educativo que espelhava ainfluência do francês na vida cultural do país. A realidade é hojemuito diferente e sobretudo mudou muito depressa, numa dinâmica queacompanha os tempos. Se é certo que há educadores a quem causaincómodo que os filhos aprendam o que eles não sabem, os pais nãodevem sentir-se ameaçados por este conhecimento. Ele não põe emcausa o seu papel de agentes educativos privilegiados na vida dosseus filhos. Hesitar em motivá-los ou mesmo deixá-los aprender umalíngua, porque a ela associam preconceitos infundados, é roubar aosseus filhos oportunidades pessoais e profissionais no futuro.7º Não se aplicarão muitas destas questões igualmente ao espanhol,língua que tem vindo a crescer no sistema educativo português? Semdúvida. No domínio da economia e do turismo, os números doinvestimento espanhol aproximam-se. E também é verdade que cada vezmais alunos procuram a Espanha como destino para os seus estudos. Noentanto, pensemos no esforço de aprendizagem das duas línguas.Aprender uma língua estrangeira com a qual a nossa tem poucafamiliaridade exige mais tempo, pelo que esta aprendizagem devecomeçar mais cedo. Aprender alemão desde o sétimo ano deescolaridade seria uma opção acertada. E não impeditiva daaprendizagem de outra língua mais tarde, o que vai de encontro àdiversidade linguística e à aprendizagem ao longo da vida,estandartes da União.8º Mas o alemão é difícil, as notas dos alunos baixam. Aqui osprofessores têm um papel decisivo. Os bons professores sabem que nãoé assim, porque gostam da matéria que ensinam e aprenderam-na comsucesso. O que impede os alunos de obter o mesmo sucesso? Osprofessores devem combater este preconceito com novos métodos,matérias relevantes, um ensino construído à volta do que o aluno vaiaprendendo, convencendo-o do que ele já sabe e não da gramática queainda não recita de cor! Quanto às notas, se a abordagem for esta,elas sobem. E se não chegarem ao 20, é hora dos alunos, pais eprofessores se questionarem do que é mais importante: um número numapauta, quantas vezes pouco reveladora das verdadeiras capacidades,ou o alargamento do horizonte de oportunidades futuras dos jovens dehoje?Sou uma aprendente entusiasta do alemão desde a primeira hora eaprendi esta língua no sistema de ensino português. O mesmo a queninguém poupa críticas, lamentos intermináveis em épocas de crisecomo a que vivemos. Hoje, ensino alemão e investigo esta língua coma absoluta convicção de que vale a pena. E acima de tudo, certa dasrazões que para mim são válidas para aprender e saber esta língua. Éesta mesma certeza que gostaria de ouvir de outros, numacorroboração ou ataque às ideias que aqui ficam. A crise que oalemão vive hoje em Portugal precisa de uma discussão pública eparticipada, em que todos falem, oiçam e pensem. A solução para alíngua alemã só se encontrará quando os que a ensinam e os que aaprendem puderem dizer com a mesma naturalidade: Alemão, why not?

Ana Margarida Abrantes